terça-feira, 7 de junho de 2011

Estudantes protestam por nova etapa de negociações para desocupação da Casa do Estudante


Reunião com a Reitoria foi adiada para terça-feira
Ana Pompeu

Até que sejam definidos os critérios para mudança dos universitários, qualquer obra na CEU está suspensa.
       Cerca de 30 estudantes da Universidade de Brasília (UnB) permanecem em protesto em frente à Reitoria da instituição, reivindicando por novas propostas para acabar de vez com a crise que envolve a mudança dos alunos que residem na Casa do Estudante Universitário (CEU). Com palavras de ordem, eles seguem para o acampamento montado na noite de sexta-feira (3/6), após a prisão de dois estudantes acusados de atear fogo em contêiner em protesto contra a reforma da CEU.
      O calouro de economia Heitor Claro da Silva, 24anos, e o graduando de filosofia, David Silva Almeida foram presos e levados à 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) sob a acusação de incendiar um contêiner de lixo instalado perto da CEU da UnB, além de desacatar e ameaçar servidores públicos da instituição de ensino superior. Eles permaneceram na delegacia até o início da tarde de sexta, quando foram transferidos para a DPE, liberados na noite de sábado (4/6). O protesto foi iniciado sob a alegação de violência dos servidores, que estavam quebrando alguns dos apartamentos liberados pelos moradores que já se mudaram durante o processo de desocupação para a reforma da Casa do Estudante. Os estudantes que começaram o incêndio disseram que há dias não conseguiam dormir por conta do barulho.
      Nesta segunda-feira (6/6), foi iniciada uma nova reunião entre os alunos e o decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp. Os universitários tiveram oportunidade de apresentar a carta de reivindicações do movimento Fica CEU. Alguns dos principais pontos do documento prevê o afastamento ou transferência dos servidores acusados pelos estudantes de atuar constantemente com violência; abertura de mesa de negociações com o reitor; publicação de vídeos e fotos que denunciam a suposta violência sofrida pelos estudantes durante a desocupação da CEU na Agência de Notícias da UnB, dentre outras.
      A reunião foi interrompida quando Heitor Claro, emocionado, passou mal e desmaiou. A nova reunião deverá acontecer na próxima terça-feira (7/6), ainda sem horário definido.
      Até que sejam definidos os critérios para mudança dos universitários, qualquer obra na CEU está suspensa.

Memória
      A desocupação da CEU tem sido motivo de conflitos entre a administração da UnB e os estudantes desde que foi anunciada. O prazo para a saída dos moradores da CEU venceu em 27 de abril. O problema são as alternativas oferecidas pela UnB para abrigar e custear transporte e alimentação desses estudantes durante as obras. Em outubro de 2010, a universidade se comprometeu a pagar auxílio-moradia mensal de R$ 510 para cada residente.
      O valor foi considerado baixo para manter a sobrevivência dos alunos. Uma segunda opção oferecida foi a mudança para apartamentos alugados pela universidade. Outro problema indicado pelos alunos diz respeito aos calouros, que não estavam incluídos na política de moradia. Alguns dos novatos eram acolhidos por moradores de forma temporária.
      Desde a semana passada, os apartamentos liberados por mais de 230 moradores, deslocados pela universidade para realizar a reforma dos dois prédios, estão sendo desmontados. Mobiliário, esquadrias e louças serão retirados para acelerar os trabalhos. Os estudantes alegam que a ação, no entanto, tem como objetivo pressionar a saída daqueles que ainda não garantiram uma nova moradia, o que teria motivado o manifesto e a prisão de Heitor e David, na última sexta-feira.
      A previsão inicial é de que a reforma dos 92 apartamentos seja concluída em junho de 2012. As obras custarão em torno de R$ 7 milhões. Os recursos para custear o auxílio-moradia, cerca de R$ 1,5 milhão, virão do Plano Nacional de Assistência Estudantil, do Ministério da Educação.

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