São Luís, 16 de dezembro
A vitória da chapa
“Ninguém Pode Nos Calar”, no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMA, é
um fato relevante no movimento estudantil.

Durante várias gestões,
o DCE vinha sendo controlado por segmentos conservadores, atrelados à reitoria,
sem qualquer compromisso com a organização e os direitos dos estudantes.
Da chapa vencedora
participam várias pessoas de diferentes matizes ideológicas, sem uma formatação
partidária definida, dando um perfil plural à nova gestão que vai iniciar a
reconstrução do movimento estudantil.
O grupo que assumirá o
DCE conseguiu derrotar duas chapas da situação ligadas direta ou indiretamente
aos interesses da administração da UFMA.
Um novo DCE fará bem à
Universidade, retomando o exercício do contraditório como benefício à
democracia.
O movimento estudantil
atrelado à reitoria havia transformado a UFMA em um cemitério político, onde
reinava a paz dos mortos de utopias, a falência da controvérsia e o extermínio
da rebeldia, prevalecendo um pensamento único infértil para o ambiente
universitário.
A chapa vencedora prega
a luta pela participação estudantil, contra o autoritarismo na Universidade e
pela reorganização das lutas estudantis nos âmbitos social, ambiental e
cultural.
Os novos dirigentes do
DCE pleiteiam também melhorias nos laboratórios de pesquisa e na moradia
estudantil, extensivas ao atendimento no restaurante universitário – inclusive
com a criação do RU nas unidades do continente.
Prometem ir à luta por
transporte digno, pontual, seguro e com preço justo para todos os estudantes.
Defendem a ampliação do
sinal de Internet em todos os campi para atendimento ao público acadêmico,
implantação de bibliotecas com melhoria no acervo, creche nos campi para os
filhos de estudantes, professores e funcionários, entre outras reivindicações.
No âmbito nacional, a
chapa eleita defende a democratização das ações educacionais do país e a
implantação de 10% do PIB para a educação.
NÚMEROS DA ELEIÇÃO
A chapa vitoriosa
obteve 1.735 votos (47,5% dos votos válidos) contra 1.385 votos da chapa do
segundo lugar e 674 votos da terceira colocada.
A chapa “Ninguém Pode
Nos Calar” foi vitoriosa nos campi de São Luís, Chapadinha, Codó e Pinheiro,
obtendo 100 % dos votos na urna dos estudantes de pós-graduação.
A terceira colocada
obteve a maioria dos votos no campus de Bacabal e a segunda nos campi de Imperatriz,
Grajaú e São Bernardo.
DOCENTES
O movimento estudantil
revitalizado soma forças à combativa Associação dos Professores (Apruma), seção
sindical do Andes – Sindicato Nacional, que tem feito um bom trabalho de
reagrupamento dos docentes.
Além disso, a Apruma
vem atuando de forma consistente na cobrança de uma gestão transparente e
democrática na UFMA, denunciando a falta de diálogo da reitoria em questões
graves como a intervenção no Colégio Universitário (Colun) e na implantação da
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) na gestão do Hospital
Universitário.
Na interpretação da
Apruma, a EBSERH vai privatizar os hospitais universitários, indo de encontro
às bandeiras da saúde pública de qualidade, da concepção dos hospitais
universitários como unidade acadêmica e da própria autonomia universitária.
DCE e Apruma, cada qual
com as suas singularidades, somam na luta pela Universidade pública,
democrática e semeada no terreno fértil das contradições.
A UFMA deve ficar bem
mais interessante daqui pra frente.
Texto de Ed Wilson.
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